O novo presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, António Saraiva, fala ao i sobre as medidas de combate à crise e do papel das empresas.
Concorda com as medidas de austeridade apresentadas pelo governo?
São medidas dolorosas, que não gostando, vamos ter de aceitar. Uma vez que o governo não reduz a despesa tem de arranjar receitas. Ao escolher a via dos impostos, esquece-se de que quer as famílias, quer as empresas, já estão com um nível de impostos insustentável. Se Espanha não nos acompanhar no aumento de IVA, os portugueses vão consumir mais em Espanha do que consomem em Portugal, à semelhança do que já vem acontecendo no Algarve e nas zonas de fronteira. Na actual conjuntura, percebemos a necessidade de um esforço colectivo, mas o que importa fazer é reduzir a despesa. O que acontece é que não foram tomadas a tempo medidas correctoras de despesa e, apesar de não concordar, há que aceitar esses paliativos que se calhar valem para um pequeno momento - mas os desequilíbrios estruturais mantêm-se. Só espero que estas medidas não se estendam no tempo e que o governo não venha pedir mais esforço fiscal, porque seria até desumano.
Na actual conjuntura, o associativismo empresarial tem sabido cumprir a sua função?
O associativismo, de um modo geral, não tem estado bem na resposta à crise. As mesmas pessoas durante muito tempo, as mesmas respostas a problemas novos. Os líderes associativos, tendo essa consciência, estão a dar passos: CIP, CAP, CCP, construção, turismo, AEP e AIP estão a tentar fazer diferente para melhor. Temos de fazer parte da solução e estamos, entre nós, a encontrar formas diferentes para, em coesão - palavra que até hoje tem sido difícil de encontrar - de esforços, encontrarmos essas novas soluções. Há aqui alguma reserva da informação porque as coisas têm os seus timings, mas posso garantir que hoje tenho uma confiança muito grande, mais do que tive quando fui eleito presidente da CIP.
Está a dizer que a CIP vai integrar a Confederação Empresarial de Portugal (CEP)?
O facto de existirem hoje duas pessoas, que não sendo virgens no movimento associativo, têm pelo menos a capacidade de o liderarem de uma forma diferente, o facto de o comendador Rocha de Matos sair no final deste ano da liderança da AIP, a constatação de que temos de fazer diferente, fazem com que tenhamos hoje acrescidas responsabilidades. Não tenho nada contra o desenho da CEP, mas foi incorrecta a forma como se lançou isso à terra. No caso da CIP foi até à revelia de uma direcção. As coisas têm de ser feitas no respeito de todos, considerando associações sectoriais e regionais. A forma foi alterada, importa que encontremos uma plataforma de entendimento e depois de definir o modelo que o baptizemos.
A CEP será baptizada este ano?
Sim, mas não terá esse nome.
O associativismo empresarial é subsídio-dependente?
Tenho de reconhecer que, lamentavelmente, algumas práticas vivem muito à manjedoura do Estado. Uma associação, ao representar uma região ou um sector de actividade, deve viver fundamentalmente da quotização daqueles que defende. As empresas têm de ter consciência do bom serviço que as associações promovem na defesa dos seus interesses, sendo certo que depois algumas têm funções de ajuda ao Estado, os parceiros sociais, e o Estado também recebe daí um serviço pelo qual deve pagar. Mas é necessária uma reformulação dos apoios ao associativismo, com regras claras, transparentes, em que não existam duvidosas subsídio-dependências porque isso pode ser fatal ao próprio movimento associativo.
por Isabel Cristina Costa, Publicado em 17 de Maio de 2010EXCLUSIVO I/SEMANÁRIO GRANDE PORTO
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