Rotary Club de Torres Vedras promoveu palestra para as escolas
“Não existe saúde sem saúde mental”
Após dois anos de interregno, o Rotary Club de Torres Vedras voltou a organizar uma palestra dirigida aos jovens do ensino secundário, no passado dia 19, no auditório do Centro Pastoral de Torres Vedras.
Mais de 580 alunos das escolas secundárias Madeira Torres e Henriques Nogueira, do CENFIM e da ESCO, participaram numa discussão sobre a “Doença Mental na Adolescência”, um tema que a pandemia colocou na ordem do dia, despertando consciências para a necessidade de mais informação e sensibilização neste campo. “A saúde mental é prioritária.
Não existe saúde sem saúde mental”, afirmou Rita Amaro, médica interna de Psiquiatria da Infância e da Adolescência no Hospital Dona Estefânia.
De acordo com Sofia Vaz Pinto, também médica interna de Psiquiatria da Infância e da Adolescência no Hospital Dona Estefânia, as doenças mentais representam cerca de 50 por cento do número total de doenças entre os 12 e os 25 anos de idade e as estatísticas revelam um aumento dos problemas de saúde mental em crianças e adolescentes. Cerca de 20 por cento apresentam pelo menos uma perturbação mental antes de atingir os 18 anos e a maioria não recebe tratamento especializado, levando a doença a progredir até à vida adulta, com sérias consequências. “O mais provável é que conheçamos alguém que sofre de uma doença mental, mas nunca nos apercebemos”, disse a médica, alertando para a importância de “estar atentos a si próprio e aos outros”, nomeadamente a sinais de alerta como mudanças de humor, de comportamento, de sono e de alimentação, aumento da agressividade e da ansiedade, desânimo nas atividades extra- -curriculares e na escola.
As oradoras falaram aos jovens sobre as várias perturbações associadas à ansiedade e à depressão, entre outras, sublinhando que as áreas afetadas pelas doenças mentais são muitas, com sintomas que podem ser tanto emocionais como físicos. Mas “ter sintomas por si só não é ter a doença”, frisaram.
Nesta fase da vida, é normal os jovens sentirem pressão e ansiedade, “mas é preciso procurar ajuda técnica se for incapacitante”, alertaram. O transtorno depressivo é uma das principais causas de doença e incapacidade entre adolescentes. Além da depressão ou da ansiedade, também podem sentir irritabilidade, frustração ou raiva excessivas, com mudanças rápidas e inesperadas no humor e explosões emocionais. Os comportamentos auto-lesivos são, “infelizmente cada vez mais comuns”, e podem evoluir, levando a pensamentos suicidas, sublinhou Rita Amaro.
Estas e outras doenças mentais “vão-se instalando devagar e por isso passam despercebidas durante muito tempo”, disse a psiquiatra, explicando uma vez mais que é preciso estar atento e pedir ajuda, seja através da escola, da família, de médicos ou amigos.
A oradora apelou ainda aos jovens para que ajudem a sensibilizar e a desmistificar as “ideias erradas” associadas às perturbações mentais, que impedem muita gente de procurar ajuda e levam mesmo ao abandono dos tratamentos, por vergonha. “A doença mental é uma doença como outra qualquer, portanto tem tratamento, não se cura só com força de vontade”, sublinhou a médica, referindo como podem ajudar alguém: não minimizar o que a outra pessoa está a sentir, ouvir e estar disponível, ajudar e perguntar “o que precisas?” e encorajar a pedir ajuda.
Ana Umbelino, vice-presidente da autarquia lembrou aos jovens que podem encontrar apoio no Espaço Primavera - Centro Municipal da Juventude. A autarca defendeu a importância da literacia, “fundamental para termos consciência, só a consciência nos faz agir, para procurar ou pedir ajuda”, concluiu.
EUNICE FRANCISCO [ eunicefrancisco@badaladas.pt ]
Edição de 27 de Janeiro 2023
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